A melatonina é um hormônio produzido naturalmente durante a noite pela glândula pineal, que fica no nosso cérebro. Sua produção inicia cerca de 2 horas antes do horário habitual de dormir e atinge níveis plasmáticos máximos entre 03:00 e 04:00 horas, variando de acordo com cada indivíduo. Depois de secretada, ela é distribuída nos tecidos e órgãos e não é estocada.
Sua maior concentração, apesar de constante, está presente em quantidades diferentes dependendo do organismo de cada pessoa e das fases da vida, ocorrendo durante a infância e caindo rapidamente antes do início da puberdade, na adolescência, com uma queda drástica em indivíduos idosos. Embora conhecida como o hormônio do sono, já que induz a uma série de eventos como a diminuição da temperatura corporal e do ritmo da digestão e a dilatação dos vasos sanguíneos, que resultam o estado de sonolência, ela também desempenha diversos papéis importantes no nosso organismo: como no crescimento, desenvolvimento e amadurecimento, bem como no processo de envelhecimento.
Ela é a molécula chave que controla o ciclo circadiano dos animais e humanos, ou seja, ela controla o sono a vigília e vários processos fisiológicos, como o metabolismo, a liberação hormonal e o controle do apetite. Além disso, ela tem ação imunomoduladora (atuando de duas formas: estimulando o sistema imunológico, com uma ação inflamatória ou bloqueando vias inflamatórias, conforme a necessidade), antitumoral, antioxidante, reguladora do sistema cardiovascular, em especial da pressão arterial, do sistema genital e aparentemente na regulação da motilidade intestinal.
A melatonina consegue aumentar a atividade das células de defesa, estimulando a formação dos anticorpos e facilitando a defesa contra os microrganismos. Seu efeito antioxidante, protege as células de danos no DNA, e do envelhecimento, e aparentemente esse efeito é obtido de melhor forma com doses superiores as que produzimos, sendo necessária, portanto, a sua suplementação.
Há também estudos que mostram sua ação no sistema genital feminino, influenciando a função ovariana e na fertilidade, podendo não alterar no ritmo sono-vigília. Alterações nos níveis séricos de melatonina estão relacionados a distúrbios da ovulação em mulheres. Níveis muito baixos podem estar associados ao câncer no sistema reprodutor feminino. Por outro lado, níveis de melatonina elevados podem gerar distúrbios endócrinos como a síndrome do ovário policístico (SOP).
A melatonina previne a promoção e o crescimento de tumores e a invasão das células sexuais, como o câncer de mama, por exemplo, exercendo seus efeitos protetores por diversos mecanismos, entre eles, a ação antioxidante, o aumento da imunidade, e através da sua interação com hormônios sexuais.
Além disso, ela pode estar relacionada a alterações metabólicas, sobretudo com hiperinsulinemia, ou seja, excesso do hormônio insulina circulante no corpo humano, e resistência insulínica. Outras associações, como no Alzheimer, por exemplo, a melatonina demonstrou ter capacidade em inibir o aparecimento de anomalias nas células neuronais, em humanos, atuando na melhora do sono, diminuição da agitação, pensamento desorganizado, distúrbios perceptuais, emocionais e de atenção, além de melhorar a deterioração cognitiva que a doença promove. Ela ainda pode melhorar o sono em pacientes com doença de Parkinson.
Portanto, o consumo de alimentos precursores de melatonina são muito benéficos, pois podem aumentar significativamente sua concentração sanguínea. Alguns alimentos que podem favorecer a produção de melatonina no nosso corpo são os vegetais, frutas, cereais, carne, peixes, ovos, leite e algumas oleaginosas, como as nozes. Além disso, você pode procurar um especialista para te auxiliar com a suplementação correta para você. Esteja sempre atento ao seu sono, priorizando dormir durante a noite e estabelecendo uma rotina de sono, como dormir no mesmo horário e limitando o horário de tela.
Referências:
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