Restrição Alimentar Vs Bons Hábitos Alimentares
Desde sempre, fomos ensinados que a restrição alimentar é o segredo para o sucesso no emagrecimento e a principal forma de ver resultados a curto prazo. Esquecemos que bons hábitos alimentares, que devem ser cultivados a longo de uma vida, e a qualidade da vida que levamos, estão intimamente ligados a uma alimentação equilibrada e sem neuras.
Muitas vezes, acreditamos que aquilo que temos vontade de comer não é bom para a nossa saúde. No entanto, a restrição absoluta por determinado alimento é totalmente diferente de comer em quantidades e proporções equilibradas.
O nosso corpo funciona de forma inteligente e orgânica, sabendo todos os nutrientes que nos faltam e dando sinais que nos levam a ter a vontade de consumir determinados alimentos. O chocolate é um bom exemplo disso, temido por muitos, devido ao grande medo de engordar ou “sabotar” a dieta, esse alimento, quando consumido moderadamente, passa a ser um alimento funcional.
Quando comemos um chocolate de, no mínimo 70% de cacau, estamos consumindo poderosos antioxidantes que auxiliam no relaxamento, na diminuição do estresse e envelhecimento e na diminuição da pressão arterial. Além disso, o chocolate tem diversos nutrientes que contribuem para nossa disposição e bom humor.
Restringir é não ouvir nosso organismo e suas necessidades
Acarretando não apenas na falta de nutrientes, mas também diversos transtornos psicológicos como a bulimia e anorexia, promovidos pela pressão social e pessoal de ter um determinado tipo de corpo.
Outro grande problema é que o nosso corpo é evolutivamente inteligente e foi ensinado ao longo da história a “guardar calorias” para casos de escassez de alimentos. Quando o período da restrição passa, a fome é ainda mais avassaladora e isso faz com que o consumo alimentar aumente, a fim de que possamos fazer um estoque de energia para o próximo período de privação alimentar. Assim acontece o efeito sanfona e o aumento do risco para desenvolvimento de diabetes e doenças metabólicas, além do chamado “descontrole alimentar”, devido ao ciclo repetitivo de abundância e escassez.
Precisamos acolher as nossas necessidades e nos nutrir com alimentos variados, dando espaço as nossas vontades e sinais do corpo. Isso significa que podemos comer qualquer coisa, abolindo a dicotomia do alimento certo ou errado, mas sempre focando na mudança de hábitos definitivamente e priorizando a constância de uma rotina saudável, ao invés de períodos intensos de restrição que em nada nos acrescentam e não nos permitem sair do círculo vicioso de ganho e perda de peso.
Referências:
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ARAÚJO, Aline Silva. Comportamento alimentar em dietas restritivas como fator de risco para obesidade.
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LOHAN, Mary John. Dieta sem Fome. Editora Bibliomundi, 2021.
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